Um relato real sobre a alegria de ver tudo dar certo — e o mistério da dor que sempre vem depois.
Tem algo que acontece comigo que eu ainda não entendi. E talvez alguém que leia esse texto possa se identificar.
Eu sou uma pessoa envolvida. Já fiz eventos, articulei grupos, promovi encontros, organizei atividades culturais, esportivas e políticas.
Um dos momentos mais marcantes foi em 2014, quando levei 14 meninos skatistas dos bairros Açude e Retiro, em Volta Redonda (RJ), do grupo GAVC Skate, para conhecer a ex-presidenta Dilma Rousseff, num evento realizado na Aldeia da Juventude, em Guarulhos – SP.
Foi uma correria até chegar lá. Patrocínio, transporte, van, autorizações — tudo organizado com muito esforço.
No dia, tudo correu perfeitamente. Foi uma comemoração linda, com coquetel e alegria. Os meninos se divertiram muito. Estavam encantados.
Celebramos juntos com Dilma, foi tudo perfeito.
Mas no fim do evento, enquanto todos comemoravam… eu estava passando muito mal.
A dor começa exatamente nesse momento: quando tudo dá certo.
Quando tudo já foi feito.
Quando o público aplaude, quando os convidados sorriem, quando o evento termina bem.
A minha dor começa aí.
Uma dor de cabeça violentíssima. Uma enxaqueca que parece um sacudão por dentro da cabeça.
Um mal-estar que me derruba.
Não é só dor — é um esgotamento físico e mental que dura dias. Às vezes, uma semana inteira.
Fico sem forças.
Como se o meu corpo dissesse: "Agora que tudo passou, eu não aguento mais."
E o mais estranho: isso sempre acontece comigo.
Não é uma vez ou outra.
Toda vez que organizo ou participo ativamente de um evento ou reunião política importante, o padrão se repete.
Durante o evento, eu estou firme, forte, focado.
Mas assim que tudo termina, e tudo deu certo, vem esse impacto.
E ninguém vê. Ninguém imagina.
Por isso, com o tempo, tomei uma decisão:
não estou mais organizando eventos, nem participando de reuniões políticas.
Foi uma escolha minha, pra proteger meu corpo, minha saúde.
Mas isso não quer dizer que parei de vez.
Eu ainda posso voltar. Porque eu gosto. Eu amo fazer isso.
E enquanto está acontecendo, eu me sinto forte.
Mas o depois… ah, o depois…
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E agora eu te pergunto:
Será que isso já aconteceu com você também?
Você já sentiu esse cansaço extremo, essa dor que só chega depois que tudo acaba e dá certo?
Será que é o corpo que cobra?
A mente que segura tudo e depois explode?
Ou é outra coisa?
Fica aqui meu relato.
E fica também a dúvida.