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sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Com a Faca no Peito: A Verdade que Todo Cabo Eleitoral Precisa Saber

Texto: Adeilson Oliveira 

A política é movida por promessas, alianças e muita expectativa. Durante a campanha, o candidato precisa de apoio, e é aí que entram os cabos eleitorais — aqueles que se dedicam de corpo e alma para eleger um vereador, deputado ou prefeito. Mas depois da vitória, quando chega a hora das nomeações e recompensas, muitos descobrem da pior forma possível uma dura realidade: não há espaço para todo mundo.

Nesse momento, o político eleito se vê com a faca no peito. Precisa escolher entre aliados, sabendo que qualquer decisão criará insatisfeitos. Para quem dedicou meses ou anos de trabalho, o sentimento de traição pode ser inevitável. Afinal, quem lutou pelo projeto muitas vezes se pergunta: “E agora, o que eu ganho com isso?”

A Matemática Cruel das Nomeações

É verdade que nem todo cabo eleitoral espera um cargo. Muitos já têm seus empregos, outros apoiam por ideologia e acreditam no projeto do candidato. Mas a maioria, sem dúvida, deseja alguma retribuição, seja uma nomeação, um contrato, ou pelo menos um acesso privilegiado ao político eleito.

E, claro, se o político não puder assumir ou abrir uma vaga diretamente, sempre há um jeito: ele pode indicar alguém. Mesmo que o cargo não vá para ele próprio, o ideal é que beneficie alguém próximo. Afinal, no jogo político, quem tem influência raramente fica de mãos vazias.

O problema é que cada mandato tem um número limitado de cargos comissionados, e a conta nunca fecha. A quantidade de pessoas que ajudou na campanha sempre será maior do que o número de vagas disponíveis. Além disso, há compromissos com partidos, lideranças maiores e até mesmo com a estrutura administrativa que exige profissionais técnicos em certas funções.

Isso significa que muitos cabos eleitorais que suaram a camisa podem acabar esquecidos. E, para piorar, quando a lista de nomeados se torna pública, a frustração só aumenta. Aquele que estava na linha de frente da campanha se vê preterido, enquanto outros — às vezes menos envolvidos — garantem seu lugar.

A Decepção: Da Euforia à Revolta

Durante a eleição, a sensação de proximidade com o candidato é grande. Muitos acreditam que, com a vitória, terão acesso direto ao gabinete e influência no mandato. Mas, quando o telefone para de tocar e as mensagens não são mais respondidas, vem a dura realidade: o político agora tem outras prioridades.

Esse é o momento em que as redes sociais se tornam um campo de batalha. Os que se sentem traídos começam a criticar, fazer insinuações e, em alguns casos, até apoiar adversários na eleição seguinte. O ciclo se repete: o político que foi ajudado se vê cercado por novos apoiadores, e os antigos, magoados, passam a desejar sua queda.

O Que Todo Cabo Eleitoral Precisa Saber

A verdade que poucos falam é que política não se faz apenas com lealdade. Estratégia e sobrevivência são fatores decisivos. Muitos cabos eleitorais acreditam que a dedicação na campanha garante uma vaga no governo, mas esquecem que o jogo muda depois da eleição.

Por isso, quem entra na política precisa entender que:

  1. Nem todos querem cargo, mas a maioria quer algo em troca – Se não for um cargo, pode ser influência, um favor, uma indicação.
  2. O político pensa na própria sobrevivência – Suas decisões pós-eleição são voltadas para manter o poder e não necessariamente retribuir todos os favores.
  3. Oportunidade não é certeza – Muitos entram na política acreditando que basta se esforçar para garantir um cargo, mas a realidade é diferente.

Com a Faca no Peito, o Político Escolhe – e Alguém Sempre Sai Perdendo

Todo político enfrenta esse dilema. Se nomeia apenas os mais próximos, desagrada quem também ajudou. Se tenta equilibrar os interesses, pode criar atritos dentro do próprio grupo. E se não nomeia ninguém, vira alvo de todos.

A política é um jogo cruel para quem não entende suas regras. E a principal lição para qualquer cabo eleitoral é simples: nem sempre o esforço será recompensado. Se você quiser entrar nesse mundo, esteja preparado para tudo – inclusive para sair de mãos vazias.